III. Dia 14 de Julho de 2005. 216o. (queriam que eu escrevesse por extenso, queriam) aniversário da
Tomada da Bastilha e ninguém fala nisso (bem lembrado,
Le Fante, que cabecinha para datas, rapaz!):
- imprensa portuguesa: parece que só
A Capital faz uma referenciazita;
- imprensa francesa: com certeza que tem de referir o evento, até porque é a razao do feriado nacional frances, mas o
Libération nao faz disso primeira página, apenas uma referenciazita lá pelo meio (mais uma vez, agradecimentos a
Le Fante);
- imprensa britanica: primeira página de todos os jornais sérios e tablóides. Mentira, claro! Nenhuma referencia. Zero. (ou nao foi visivel a estes olhos que a terra há-de comer);
- blogosfera portuguesa: praticamente zero de referencias. Nem a favor, nem contra. Nem nim, nem... Nem eu, que,
sei lá [nasalado], sou TODA Revolucao Francesa e isso,
sei lá [nasalado], escrevo uma linha sobre o assunto. Tenho de fazer uma ressalva (tres!):
Filipe Moura,
João Vacas e
Diogo Belford Henriques. Ah, mais uma, que chegou mais tarde (18/07/2005): o
Bruno Sena Martins.
Penso que isto se prende essencialmente (mas nao apenas) com duas ordens de razoes.
Por um lado, com isto:
"(...) Hélas, olhando à volta só vejo ou negação da ideologia, ou afirmação de ideologias. Ou cinismo ou delírio. Ou esterilidade ou folclore. Népia indyologia." (Miguel Vale de Almeida)
Por outro lado, e isso é feio, com isto:
"In a special "Tour de France” edition of "Sports Illustrated” Lance Armstrong who’s just doing great, reveals that he relieves himself during a race by simply pulling down his shorts and going, so, occasionally, Lance hits spectators and he feels horrible because sometimes they aren’t French." (J.Leno, Thursday Night July 7).
Ou seja, as pessoas nao gramam os franceses. As pessoas acham que os franceses sao uma cambada de arrogantes que nao se lavam todos os dias, que escrevem longos testamentos, sem economia de palavras (caracteristica irritante que nós herdamos,
moi aussi na maioria das vezes), que albergam/albergaram no seu seio gente chata e problemática como o
Levy Strauss ou o Napoleao, certos burguesinhos de esquerda armados ao pingarelho e neofascistas. Até pode ser tudo verdade - que é um bocadinho, nao é? - mas temos de aprender a amá-los. É um bocado aquela cena da Liberdade, Fraternidade e Igualdade, sobretudo, talvez, da Fraternidade. Acho que nao ha' pessoa de bem que nao queira abracar a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade e, já agora, a Verdade, embora se fale menos nisso no ideário da Revolucao Francesa, nao sei porque. O gajo que ia propor a Verdade como parte do mote da Revolucao Francesa deve ter sido guilhotinado antes do tempo ou coisa que o valha. Mas isso nao interessa agora. Quer dizer, a Verdade interessa, diga o
Alexandre Soares Silva o que disser. Mas vou-me concentrar agora na questao da Fraternidade (que nao tem de dispensar a Verdade, a Liberdade e a Igualdade). Se um irlandes de gema, como o
Joseph O'Connor, é capaz de enfrentar os seus preconceitos pelos cornos e escrever um capitulo entitulado "Aprender a amar os Ingleses" (em 3 partes!!), nós tambem havemos de o conseguir, ainda que com menos arte.
É assim que abro uma nova série (
oh nao!): Aprender a Amar os Franceses. Já a seguir.